sábado, 29 de outubro de 2011

Sensatez Fantasmagórica

Andava pela minha casa sozinho, durante uma noite de insonia. Corria pelos corredores, me arrastando com sono, sem durmir. Ouvia barulhos, só podia ser os vizinhos malditos que não dormem e ainda ficam ouvindo essas malditas músicas. Subi as escadas e ao terminar parei para um cochilo, em pé mesmo, tinha que aproveitar qualquer momento em que ele, o sono, aparecesse. Acordei, levei um susto, havia passos atrás de mim. Gelei todo. Sou cético, mas quem não tem medo da morte? Ladrões aparecem a todo momento, nesse mundo, como anda hoje em dia. Olhei cuidadosamente para trás, era meu pai. "Vai durmir menino!", "Não consigo pai", "num faz nada o dia inteiro dá nisso, deita e dorme", "mas pai, você também está acordado!", "vai durmir, meu filho, vai!".

Não segui os conselhos do meu pai e fui na cozinha, tomar uma água, dizem que faz bem antes durmir, alias dizem muitas coisas, algumas verdades, muitas mentiras. A água estava gelada e quando me virei, algo me assustou e deixei o copo cair no chão, fez muito barulho, era um copo velho de metal, mas incrivelmente ninguém acordou. Olhei para minha frente e lá estava uma figura branca transparente, me olhando como se não me conhecesse, porém tentando indentificar se eu era a pessoa quem estava procurando. O fantasma foi se aproximando, chegando muito perto, podia sentir o ar gelado que saía do se rosto, até que ele falou, "você é o Danilo Rezende?", sua voz era fria e alongada, como se estivesse cantando na pior das afinações. Não respondi nada, o fantasma resmungou algumas coisa e tentou pegar o copo no chão, porém em vão. Repetiu a pergunta e completou, "não vou te fazer nada, temos que conversar" e apontou para o copo e disse para me acalmar e tomar mais uma água. Peguei o copo e enchi de whisky. Me sentei numa cadeira, tomei o whisky, pensei que já estava durmindo e comecei a conversar com o fantasma, que, por sua vez e condição, apenas levitava acima de uam cadeira na miha frente.

"Pode falar, o que um fantasma quer comigo?"
"Olha, meu caro ser, por ora, vivo, o outro mundo, os das almas está enfestado de gente. Mais de 80 bilhões de pessaos e vocês reclamando que ainda tem apenas 8. Por consequência, um cara lá resolveu separar uns dos outros, mas mesmo assim tá muito ruim. Até estes acontecimentos tudo bem, o problema foi quando vocês mandaram uns cara mal resolvidos para lá, eles já chegam se achando os donos do pedaço. Os de antigamente nós resolviamos fácil, eram poucos, mas agora em menos de dois anos vocês me mandam três figurões, assim não dá meu filho, assim não dá!"
"Mas do que é que você está falando? Alias, como você sabe quem eu sou? E quem é você?"
"Calma com as perguntas, meu amigo, calma. Tudo tem sua hora. Eu sou um fantasma, como você, que julgo ser uma pessoa minimamente inteligente, já pode percerber. Morri a muito tempo, acompanhei tudo, aprendi a me virar no outro mundo, devo ter um nome conhecido aqui, mas pode me chamar de Jão. Vim aqui para que você informe as pessoas o que está acontecendo lá do outro lado para que elas pensem bem antes de ir para lá, ou mandar alguém pra lá. Você escreve umas coisas não é? Então agora você vai ter que escrever sobre isso!"
"Está bem, mas ninguém lê o que eu escrevo, deve ter uma duzia de três cabeças. Por que você não apareceu para o Luiz Fernando Veríssimo, ou para o Dan Brown, você atingiria mais público!"
"Vê se alguém leva esses dois a sério. Dan Brown só escreve aquelas porcarias de Jesus tinha filho, Jesus não tinha filhos. E esse Luiz Fernando aí, daqui a pouco se junta a nós. Você ainda tem tempo pela frente. Mas vamos aos négocios. Teve um cara que chegou lá do outro lado achando que era o tal, falando que estava escondido a muito tempo e acharam ele só agora."
"Bin Laden"
"Não! O Bin veio depois!" destaco que por um certo momento, estranhei a intimidade do Fantasma Jão com o terrorista Osama Bin Laden. "Aquele o... Hussein! Esse cara chegou achando que era o tal, mas todo mundo já chegou abaixando a bola dele e mostrou qual era o seu lugar. Aí chegou o Bin, que se mostrou até simpático, conversei com ele algumas vezes, mas há algumas semanas, tudo no outro lado mudou. Chegou um tal de Carafi e falou que aquilo não iria continuar daquele jeito. Chamou o Hussein e o Bin, que se revelou um duas caras," assim dá pra saber como as pessoas são, Osama fez isso aqui na terra e no outro mundo, "se juntaram e formaram a tríplice aliança do mal e agora querem impor uma ditadura no outro mundo. Tentamos conversar com todo mundo lá, mas ninguém quer dar jeito, Gandhi falou que lutou muito na Terra e agoa quer aproveitar o paraíso, outros tantos falam que isso é problema de quem está chegando. Não como resolver. Agora os três querem outros que estão aqui para montar um império, não sei o que fazer, mas vocês tem que dar um jeito de melhorar essas pessoas antes de manda-las para lá, porque agora não tem concerto lá não!"
"Mas não posso fazer muita coisa, mas vou me empenhar para ajuda-lo nessa luta, literalmente, de outro mundo!"
"Muito obrigado, outro dia eu volto para conversamos e eu lhe passar as notícias."
"Ô Fantasma Jão, você já viu as notícias daqui, o Lula está com câncer, o Obama falava que ele era 'o cara', as vezes ele pode resolver alguma coisa lá com vocês."
"Bem pensado Danilo, mas o Zé já foi e está nos ajudando e muito!"

E o fantasma Jão sumiu numa nuvem com algo parecido com um sorriso no rosto.

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