segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Antío Dr Sōkrátēs


O filósofo grego Sócrates só tem sua obra apresentada para nós, hoje em dia, graças a citações de outros filósofos, como Platão e Aristóteles. Já o seu chará, o Sócrates Brasileiro, a prova de sua existência está marcada em fotos e imagens da TV, dele jogando, atuando nos gramados tupiniquins. A semelhança vai além do nome, acredito que se viessem me contar uma história sobre um certo jogador de nome Sócrates, formado em medicina, daí o apelido de Doutor, e que se engajava politicamente contra um regime de seu país, te garanto que só acreditaria, vendo.

Pois aí está o grande trunfo do Magrão, outro apelido do ex-jogador. Sócrates sabia que o futebol era para o público, sabia do espetáculo e por isso não perdia tempo. Mostrava a todos que sabia jogar, e muito esse esporte. Calcanhar de Ouro, outro apelido, adorava mostrar que na jogada perdida um toque de calcanhar mudava tudo e, além de ajudar com a torcida gritando e adorando a jogada, desmoralizava o adversário, que ficava nervoso. Trunfos que o Doutor da bola tinha. "O calcanhar é tão surpreendente quanto a poesia", filosofou o jogador em uma entrevista a TV bandeirantes.

Um dos principais pilares da Democracia Corintiana, Sócrates era engajado politicamente. Sabia o que pensava e lutava para que se tornasse possível. Assim nascem os ídolos. Magrão era ídolo de uma nação, ou melhor de duas nações, a corintiana e a brasileira. Além da Democracia no Corinthians Sócrates se tornou, sem exagero, o maior ídolo da torcida corintiana. Em uma eleição feita pela revista placar, Sócrates oi o único unânime na votação dos 11 melhores de todos os tempos no Corinthians. Na Seleção, Sócrates foi o capitão do time da Copa de 82, só não levou o título por acaso do destino, que coloca pênaltis ao invés de pedras no caminho do Brasil. Pedras que Sócrates tiraria fácil da frente, com o calcanhar, só para manter a classe.

Porém não dá pra falar que ele não é um ídolo de todos. Confesso que não conhecia muito sobre ele, comecei a acompanha-lo no programa da TV Cultura Cartão Verde, dando declarações polêmicas e, as vezes, até me fazendo rir. Do lado de outro gênio, mas nem tanto, Xico Sá, o Magrão, como era chamado por todos no programa, falava abertamente o que pensava e não escondia nada. Nesse momento fui me tornando fã do Magrão. Falo Magrão, como se tivesse certa intimidade, porque ele era um daqueles caras que sempre sonhei em conhecer e trocar uma meia duzia de palavras enquanto tomávamos uma cerveja. Porém, o mal da cerveja, ou melhor, do álcool tirou ele da gente e levou-o para filosofar em outros campos. Fantasma Jão já veio me contar umas novidades. Quando Doutor chegou lá, Jão achou que as peladas de domingo seriam melhor, mas quando o Doutor soube da confusão do outro mundo, o futebol ficou meio de lado e agora só quer saber de instalar de qualquer maneira, uma democracia no outro mundo.

Adeus Doutor Sócrates, filósofo da bola. Já está deixando saudade aqui!