terça-feira, 16 de setembro de 2014

A Agenda de Telê

Fui gravar um show em Ubá. O ponto de encontro era na esquina da Avenida Rui Barbosa com a Rua Luiz Rocha, ou nos bares Adega da Mina e Bar Dias. Minha carona de casa até o local de encontro me deixou em frente a Adega. Eram 16h15, a carona chegava às 17h. Para não esperar atoa, resolvi tomar aquela cerveja. Quando já ia entrar na Adega, algo que não sei explicar me chamou para ir ao Bar Dias, onde fui pedir minha cerveja.

Chegando no balcão, que estava cheio, fui pedir minha cerveja e sem querer esbarrei em um senhor. Pedi desculpas, peguei minha cerveja e fui sentar em uma mesa do lado de fora do bar. Enquanto esperava, sozinho, mexia em meu celular, de bobeira, fazendo nada demais, quando o senhor que eu havia esbarrado já chegou falando "você é inteligente e com certeza é tricolor!". A minha resposta já estava na língua "inteligente sim, mas errou no tricolor". O senhor então me pediu um favor, se eu não podia passar para o seu celular a agenda de seu celular novo, pois o velho havia sido roubado. Pensei por instante e falei "por que não?". O senhor, agora já se apresentado como Telê, tirou um papel e o celular de sua pochete, me passou todo agradecido e voltou ao balcão.

Depois de alguns números passados Telê voltou e se sentou na minha mesa. E aí começou a contar suas histórias. Telê contou que era radialista esportivo no Rio para uma rádio do Ceará. Contou que nessa época morou com Fagner e Belchior, seus dois grandes amigos que ainda o ligam de vez em quando. Contou que essa história de Belchior sumido era tudo mentira e que ele sempre soube que ele estava em sua casa. Contou que cobriu duas copas in loco, 78 e 82, e que na primeira conheceu Maradona, ou Dieguito como ele o chamava. Os dois sempre saiam e falava que Dieguito era uma pessoa maravilhosa, o problema eram os empresários, por isso os problemas com drogas. E pra provar que não era mentira, tirou uma foto, já amassada de tanto passar por mãos, dele, muito mais novo, entrevistando, seu amigo, Pedro Rocha. Na foto o homem que segurava o microfone tinha um cabelão e uma costeleta expressiva, bem diferente da cabeça rala e dos cabelos brancos de hoje. Contei que era também formado em jornalismo e ele ficou feliz. Quis comemorar, pediu uma cachaça, "Araci, porque tem nome de mulher, pô".

A minha carona chegou, me despedi rapidamente e fui embora para meu trabalho. Suas histórias e seu jeito característico, não vou esquecer, porém se acredito nelas ou não, é outra história. Telê lembrava dos acontecimentos como quem conta aquilo todo dia, para qualquer um que aceite tomar uma cerveja com ele. Sobre a agenda, não, não tinha nenhum Fágner, Belchior ou Dieguito, só nome de médicos. Mas isso pouco importa.

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